sábado, 21 de abril de 2018

CONVICÇÃO – você tem ou aceita a dos outros?


Partindo sempre do conceito, convicção é a crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento ou modelo de excelência ou de perfeição, princípio, ideal. Tem como sinônimos a asservação, certeza, confiança, crença, fé, persuasão, firmeza, segurança, resolução, convencimento e sugestionamento. 
A origem da palavra "convicção" está no latim convictio, que significa "prova" ou "refutação". Este termo, por sua vez, deriva de convincere, que quer dizer "vencer" ou "superar decisivamente". 

De posse do significado vamos procurar saber quais são as nossas convicções ou aquelas que aceitamos dos outros e aderimos. 
No meu livro “Qual é o seu lugar no mundo?” eu peço para que todos façam uma pesquisa sobre quem realmente é você, qual a sua essência e uma sugestão sobre como você pode chegar a essas respostas. Nesse questionamento, procuro complementar essa busca, como sempre, com exemplos que eu tenho por perto para te dar parâmetro. 
As suas convicções regem a sua vida e por isso é bom analisar quais são elas. Vamos aos exemplos: há quem tenha sempre na ponta da língua, um ditado popular para tudo como: - quem não serve para servir, não serve para viver; filho de peixe, peixinho é; Deus ajuda quem cedo madruga; mais vale um pombo na mão do que dois voando e por aí vai. 
Perceba que muitas dessas frases que foram herdadas pela cultura popular, podem não ser um guia muito bom. Imagina que seu pai é um marginal e, seguindo a frase, você estaria fadado a ser um também. Basta acreditar nisso que o subconsciente te leva, com ou sem vontade, a esse caminho. 
Faça uma lista dessas frases que você sempre escuta por aí e veja o que cada uma realmente significa e se está de acordo com você. Vamos analisar essa: “Deus ajuda quem cedo madruga.” – se a pessoa for músico, artista de teatro ou vigia noturno que precisa dormir durante o dia para trabalhar à noite, está fadado a não ter qualquer ajuda de Deus? 
O fato de alguém querer ou precisar dormir durante o dia, não necessariamente está excluído por Deus. Os adolescentes que costumam trocar a noite pelo dia, não estão se excluindo da ajuda de Deus ou sendo preguiçosos. Eles apenas possuem um sistema orgânico diferente, por conta da idade, em que é levado a ter mais sono de dia do que à noite e isso com o tempo passa. 
Outro exemplo de convicção é a religiosa. Até que ponto os dogmas de qualquer religião realmente te convencem ou você os aceita e os pratica de verdade? Sim, se você os tem apenas como discurso então não é convicção, é só uma maneira de dizer que você decorou o texto, ou pensar nele, mas daí a praticá-lo são outros quinhentos. Se você não pratica então não é convicção. Penso que se todas as pessoas que se dizem religiosas fossem realmente analisadas pelo comportamento e convicção, com certeza os templos ficariam bem mais vazios. 
Se uma pessoa acredita em Deus porque acredita também no diabo? Se Deus é o maior e ele te protege, te perdoa, te ensina, te guia e te dá direção, porque acreditar que existe um outro lado? Acreditar no diabo seria uma desculpa por não estar tão convicto assim da sua fé e por isso precisaria dele para justificar seus erros. Porque não podemos estudar somente sobre Deus e seguir o caminho? É difícil? Caímos em tentação? Quem cria essa tentação é o diabo ou a sociedade? Ficamos em situações difíceis por nossa conta ou é sempre culpa do diabo? Somos mal porque o diabo encontra em nós um solo fértil? E onde estaria Deus que não me ajuda? Será que eu creio mesmo nele? Estou convicta de que ele me ajuda mesmo ou só de vez em quando se eu for boazinha? 
O que você tem de certeza dentro de si é uma certeza mesmo ou são só repetição de palavras e textos que até fazem sentido, mas você não consegue cumprir? 
Veja bem que você é o resultado da sua criação, da convivência social e das suas convicções, sejam elas suas mesmo ou herdadas. Faça esse exercício de analisar quais convicções você tem ou acha que tem e comece a ser sincero consigo mesmo. 
A frase de que filho de peixe, peixinho é funciona bem no reino animal porque até hoje um peixe não consegue produzir um camaleão ou outro bicho qualquer, assim como um humano não consegue parir um leão ou um gato. Nesse sentido eu concordo, mas no sentido de que seu meus pais são isso o aquilo, de bom ou de ruim, eu tenho que ser igual, é outra história. Eu mesmo sou filha de um homem que era engenheiro e a matemática para ele era a coisa mais fácil do mundo. Para mim, a matemática é um universo paralelo à minha vida e tenho dificuldade em fazer contas simples. Posso dizer que sou o oposto porque tenho muita facilidade em compreender as ciências humanas e ele não tinha isso. Para ele, o mundo funcionava em uma lógica matemática, com probabilidades e para mim, o mundo funciona com uma perspectiva social e com possibilidades. 
A única coisa que temos em comum é sermos professores, mas também com maneiras bem diferentes de lecionar e a minha opção pelo magistério veio de um sonho de infância e para ele como um meio de ganhar dinheiro. 
Já a minha mãe, por exemplo, é cheia de frases as quais estou tirando da minha cabeça e que me levam a pensar resumidamente e conformadamente. Se eu não sou filho de rico então posso desistir de ser rica porque filho de peixe, peixinho é, não seria assim? Isso me deixa sem escolha e é justamente o que eu não quero. 
Vamos colocar a “cuca” para funcionar e pensar nas nossas convicções ou no que acreditamos de verdade. 



Um outro exemplo que escuto muito é: - “eu estava convicto de que conseguiria isso!”. Se era uma coisa muito boa que você estava prestes a conseguir e não aconteceu, dependendo da pessoa ela pode dizer mil coisas sobre o que a levou a não obter a tal coisa, mas na verdade, ela pode não ter alcançado o que desejava porque não estava tão convicto assim ou outras convicções não deixaram chegar lá. 
Há quem não goste do silêncio e procura sempre estar com som ligado, televisão ligada, falando com pessoas e evitando a qualquer custo estar só ou em silêncio porque essa falta de barulho nos leva muitas vezes ao encontro de nós mesmo ou ao confronto consigo mesmo e as pessoas nem sempre gostam de estar consigo mesmo e quando isso acontece com frequência, ela pode estar sendo vítima de mais uma frase que é: - “antes só do que mal acompanhado!”. 
O fato de estar com você, sozinho e em silêncio não significa solidão e sim, uma oportunidade de você entrar em si e descobrir quem realmente você é, o que pensa, como pensa e como reage. Se você tem mesmo convicções próprias ou está à mercê do que os outros te convencem. 
Uma prática que adquiri ao longo dos anos foi conversar comigo mesmo. Quando estou só eu falo em voz alta para eu escutar e travo um diálogo comigo que é sempre bem produtivo. Eu pergunto, eu respondo, eu questiono e com a vantagem de não ouvir críticas porque quem faz a crítica sou eu com o meu consciente e inconsciente e assim, vou ficando cada vez mais amiga de mim mesmo e me conhecendo mais e mais. Estou tão habituada a isso que às vezes tenho que observar se não estou verbalizando os pensamentos quando estou na rua. Quando você está sempre concentrado no barulho, você perde essa oportunidade e vai vivendo sendo levado pelas ondas. 
Um abraço e grata sempre.
Regina