quinta-feira, 30 de novembro de 2017

REENCARNAÇÃO segundo os candomblecistas

Canteiro de Ideias: REENCARNAÇÃO E RENOVAÇÃO ESPIRITUAL


Uma amiga me perguntou sobre a visão de um candomblecista após a morte. Para onde eles acreditam que iriam ou o que aconteceria a um praticante dessa religião, após o desencarne. 
A melhor explicação que encontrei foi essa. 
Segundo o que se sabe dentro dos candomblés que frequentei, não existe uma concepção de céu ou inferno, nem de punição eterna.
O ayê é todo o espaço que vivemos, (não só a Terra) já o Órun é o espaço oculto, desconhecido, e ninguém sabe se é no céu como muitos acreditam.
As almas (Egum = Espirito sem osso, ancestral) que estão na terra devem apenas cumprir o seu destino livrando-se dos egos (inveja, ciumes, mentira, corrupção, vícios,roubo, enfim, desvios de personalidade), caso contrário vagarão entre céu e terra até se "limpar" de tudo isso, plenamente como um ser consciente e eterno. 
Os cultos afro-brasileiros acreditam que os mistérios da vida e da morte são regidos por uma Lei Maior, uma força divina que dá o equilíbrio divino ou eterno.
O Candomblé vê o poder de Deus em todas as coisas e, principalmente, na natureza. Morrer é passar para outra dimensão e permanecer junto com os outros espíritos, orixás e guias.
Trabalha com a força da natureza existente entre terra (Aìyê) e o (Òrun).
Nos cultos afros, o assunto de vida após a morte não é bem definido. 

Na Terra, o objetivo do homem é realizar o seu destino de maneira completa e satisfatória. Ao cumprir o seu destino na Terra, o ser humano está pronto para a morte.
Após a morte, o espírito será encaminhado ao Òrun, para uma dimensão reservada aos seres ancestrais, ou seja, eternos.
O ser humano pode ser divinizado e cultuado. Caso o seu destino não seja cumprido, os espíritos ficarão vagando entre os espaços do céu e da terra, onde podem influenciar negativamente os mortais por não terem cumprido suas missões plenamente. 

Os iorubas e outros grupos africanos que formaram a base cultural das religiões afro-brasileiras acreditam que a vida e a morte alternam-se em ciclos, de tal modo que o morto volta ao mundo dos vivos, reencarnando-se num novo membro da própria família. 
São muitos os nomes iorubas que exprimem exatamente esse retorno, como Babatundê, que quer dizer "O-pai-está-de-volta". 
Para os iorubas, existe um mundo em que vivem os homens em contato com a natureza, o nosso mundo dos vivos, que eles chamam de aiê, e um mundo sobrenatural, onde estão os orixás, outras divindades e espíritos, e para onde vão os que morrem, mundo que eles chamam de Órum. Quando alguém morre no aiê, seu espírito, ou uma parte dele, vai para o Órum, de onde pode retornar ao aiê nascendo de novo. 
Todos os homens, mulheres e crianças vão para um mesmo lugar, não existindo a idéia de punição ou prêmio após a morte e, por conseguinte, inexistindo as noções de céu, inferno e purgatório nos moldes da tradição ocidental-cristã. 
Não há julgamento após a morte e os espíritos retornam à vida no aiê tão logo possam, pois o ideal é o mundo dos vivos, o bom é viver. 
Os espíritos dos mortos ilustres (reis, heróis, grandes sacerdotes, fundadores de cidades e de linhagens) são cultuados e se manifestam nos festivais de egungum no corpo de sacerdotes mascarados, quando então transitam entre os humanos, julgando suas faltas e resolvendo as contendas e pendências de interesse da comunidade.
Um abraço.
Regina

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