Uma das muitas novidades
teológicas da nossa época é a doutrina das “maldições hereditárias”, que ensina
que uma pessoa pode nascer sob uma sentença de castigo (“maldição”)
por pecados cometidos por seus antepassados.
Freqüentemente essa maldição
é entendida em sentido mágico, como um malefício - uma espécie de feitiçaria
santa. Assim, pode-se nascer carregando a maldição de seus pais, avós ou mesmo
bisavós. E como a humanidade é pecadora, supõe-se que muito poucas pessoas
nascem sem uma maldição sobre suas costas.
Devemos entender que estamos marcando uma geração futura a partir de hoje ao
rompermos estes ciclos de iniqüidade, porque enquanto essas raízes estiverem
ativas em nós afetará nossa vida e a vida de nossas futuras gerações.
Deus é um Deus de
gerações e as iniqüidades de nossos ancestrais nos seguirão até que as
cortemos; estas raízes constituem o elemento oculto em nosso ser, em nossas
emoções mais íntimas e do apego que possamos ter com a realidade a qual estamos
atados. Cortando essas iniqüidades, damos a nossos filhos um futuro livre, um
caminho aplanado, um destino profético que Deus nos tem dado, e lhes daremos as
chaves para que sempre triunfem enquanto não ativarem essas raízes.
É óbvio que o aspecto
“hereditário” de todo este ensino se baseia no segundo mandamento do decálogo e
alguns textos de Êxodo e de Deuteronômio:
“Eu sou o SENHOR, teu
Deus, Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos até à
terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem. E
faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus
mandamentos”.
Êxodo 20:5-6 (cf. Deut
5:9)
“... SENHOR Deus
compassivo, clemente e longânimo e grande em misericórdia e fidelidade; que
guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a iniqüidade, a transgressão
e o pecado... Que visita a iniqüidade dos pais nos filhos e nos filhos dos
filhos, até à terceira e quarta geração![ii]”
(Ex 34:6-7)
“O SENHOR, teu Deus, é
Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos
que o amam e cumprem os seus mandamentos[iii]”
(Deut 7:9)
Embora o idioma hebraico
tenha várias palavras para “maldição”,esses textos não mencionam nenhuma
delas. É apenas dito que Deus“visita” os pecados sobre as sucessivas
gerações. O sentido principal deste verbo hebraico é
igual a “visitar” em português. Seu sentido básico é “preocupar-se por”; A o
traduz bem com “estar pendente de” (Sal 8:4 “tomá-lo em conta”; cf Jó 7:17).
Deus visita a terra e a
rega (Sal 65:9). Muitas vezes este mesmo verbo hebraico significa visitar para
salvar (Ex 3:16; 4:31; o relato do êxodo! Gen 50:24-25; Rut 1:6), mas em outro texto,
como os que acabamos de citar, significa visitar para castigar (Isa 13:11; Jer
5:9,29).
Ademais, os textos
básicos, em Ex 5 e Deut 20, não falam de “iniqüidade” mas de “maldade”; e Ex
34:7, que menciona a iniqüidade, a rebelião e o pecado (como sinônimos
funcionais), não afirma que Deus os converte em maldições hereditárias mas que,
em sua misericórdia, os perdoa.
Como é, então, que Deus visita a iniqüidade
até a terceira e quarta geração, se as tem perdoado? A resposta está no conceito
bíblico da pessoa humana como ser social, em uma solidariedade
corporativa.
A Bíblia não conhece o
individualismo de nosso pensamento moderno, de pessoas como entes em si,
independentes da comunidade a que pertencem. Então, a maldade tem
conseqüência morais e sociais sobre a família e a sociedade, e nessas
conseqüências Deus está “visitando” ao seu povo.
É claro que estas
passagens não dizem absolutamente nada que poderia significar “maldições
hereditárias”. Não fala de maldições em nenhuma parte, mas do amor e da justiça
de Deus com que se preocupa conosco (“nos visita”). Muito menos indica algo
como um DNA programado com maldições de antepassados.
É óbvio que estas
passagens não destacam a
maldição dos maus, mas a primazia da misericórdia de Deus. Se
as conseqüências do pecado se estendem às quatro gerações, o amor e a
misericórdia de Deus alcançam até mil gerações. É possível que
“quatro gerações”, seja mais que uma frase literal de uma maldição
matemática, é uma expressão idiomática para expressar as conseqüências do
pecado sobre a família e a sociedade. De qualquer forma, “onde
abundou o pecado [quatro gerações], a graça superabundou [mil gerações]”. Se
existem “maldições hereditárias”, tem que haver também “bênçãos hereditárias”, e são acumuladas
sobre mil gerações. O teórico DNA desta teoria teria que codificar
centenas de pecados e milhares de bênçãos, e certamente o saldo seria favorável
à benção e às misericórdias de Deus.
Para concluir, devemos
mencionar que outros textos bíblicos refutam a idéia de um castigo divino
contra familiares inocentes. O mesmo livro
de Deuteronômio afirma que “os pais não morrerão pelos filhos, nem os filhos
pelos pais; cada um morrerá por seu pecado” (Dt 24:16; cf. 2R 14:6). O
profeta Ezequiel se opõe energicamente a esta doutrina de castigos e méritos
herdados e insiste na responsabilidade pessoal de cada um:
Veio a mim a palavra do
SENHOR, dizendo: Que tendes vós, vós que, acerca da terra de Israel, proferis
este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos
filhos é que se embotaram?
Tão certo como eu vivo,
diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel.
Que todas as almas são
minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é minha; a alma que
pecar, essa morrerá.
Sendo, pois, o homem
justo e fazendo juízo e justiça ... andando nos meus estatutos, guardando os
meus juízos e procedendo retamente, o tal justo, certamente, viverá, diz o
SENHOR Deus.
...
O que andar nos meus
estatutos, o tal não morrerá pela iniqüidade de seu pai; certamente, viverá.
...
Mas dizeis: Por que não
leva o filho a iniqüidade do pai? Porque o filho fez o que era reto e justo, e
guardou todos os meus estatutos, e os praticou, por isso, certamente, viverá.
A alma que pecar, essa
morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai, nem o
pai, a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a
perversidade do perverso cairá sobre este.
(Ez 18:1-20)
Em conclusão: longe se
ser, fielmente, fundamentada na Palavra de Deus, o ensino das “maldições
hereditárias” é um abuso do texto bíblico. É outra especulação fantasiosa de
alguns pregadores que não se cansam de inventar novas doutrinas para deslumbrar
o seu público e mantê-los cativos de suas aberrações. Longe de ser uma mensagem
fiel a Palavra, é mais uma tentativa de manipular, e manipular o público
crente.
Todas estas especulações
contemporâneas colocam uma pergunta muito séria: em que ponto um simples ensino
equivocado torna-se uma heresia?
O texto
anterior foi um estudo de outra pessoa mas a minha opinião é que existe uma
confusão entre essa história de “maldição hereditária” com aprendizado
familiar. Como educadora que sou, acredito que o homem é produto do meio e
acaba repetindo as mesmas coisas que faz a sua família. A criança é uma esponja
e absorve o que se fala e o que não se fala. A criança absorve os sentimentos e
o inconsciente dela acaba introjetando tudo o que há no entorno, inclusive as
histórias que se conta de entes já falecidos.
Eu vejo
todos os dias acontecerem com os filhos a mesma coisa que aconteceu com os
pais, avós, tios e isso não é maldição hereditária e sim, um aprendizado
inconsciente e até me arrisco a dizer que de outras vidas também.
O meio que
eu encontrei para não repetir as mesmas coisas e tendências foi buscar saber o
que está registrado no meu inconsciente e ressignificá-lo. Faço isso através do
Hoponopono que possui palavras chaves que “puxam” para fora de mim, os fatos
para que eu analise, observe e decida se quero manter ou deletar. Essa foi a
única maneira que encontrei para não ter a minha própria vida sem ter que ficar
acreditando que estou predestinada a isso ou aquilo como a minha família.
Eu gosto de
ter o domínio de mim mesmo e é pena que só descobri como limpar essa quantidade
enorme de registros que eu nem sabia que tinha, aos 50 anos. Haja lixo pra
reciclar.
Espero ter
ajudado e deixo o meu abraço.
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