INTRODUÇÃO
A felicidade existe, é possível e temos
direito!
Somos um elo de uma enorme corrente.
Quando conseguimos nos encaixar, tudo flui suavemente, sem sofrimento.
As relações de trabalho têm que mudar
para melhor já que nem todos podem ficar sem o dito trabalho. Como nesta
sociedade atual convencionou-se que todos devem trabalhar e muitos fazem isso a
maior parte de suas vidas, vamos tentar pelo menos, fazer disso um prazer e não
um sofrimento.
O homem, mesmo quando está tudo bem,
sempre arranja um pretexto para sofrer ou para fazer alguém sofrer e, no
ambiente de trabalho isso é muito fácil de acontecer, pois fomos treinados para
o sofrimento desde o momento do nascimento. Alguns se acostumam com isso e as
consequências vão para o subconsciente e outros reagem às vezes de maneira
negativa ou violenta. Certo é que, quando somos obrigados a fazer coisas que
nos desagrada, vários mecanismos internos são acionados e começamos até a ficar
doentes.
A primeira coisa que o indivíduo
aprende logo ao nascer é reclamar. Ele começa a chorar para reclamar de fome,
de frio, de sono e só assim consegue o que precisa. A pessoa que vai atender a
esses pedidos nem sempre faz isso com prazer e às vezes há até uma dose de
sofrimento, pois se a pessoa quer descansar, quer sair, enfim, fica impedido,
pois sabe que “tem que” ficar à disposição daquele ser indefeso.
Será que há algum tipo de relação entre
os homens em que não haja sofrimento?
Regina F. Gomes
CAPÍTULO I - SOFRER TORNOU-SE UM
HÁBITO
Até que a criança vá para a escola, ela
já passou por vários sofrimentos e angústias. Não só as pobres, mas as ricas
também. Com babá, na creche, com os amigos ou em uma bolha, toda criança passa
por dificuldades até pelo simples fato de “ter que” cumprir as regras da
família e por falta de linguagem suficiente para argumentar, o que nem sempre
adianta, mesmo que soubesse.
Esse controle da satisfação do desejo e
o entendimento de que nem tudo poderá ser do jeito que se quer, imprime uma
carga de sofrimento nos sujeitos. Quando há um esclarecimento pode haver uma
diminuição desse sofrer, mas o bom mesmo é quando há entendimento e aceitação e
para isso é necessário um bom tempo de justificativas e argumentações que nem
sempre ocorre quando somos crianças, pois muitas pessoas pensam que as crianças
apenas “tem que” aceitar tudo sem questionar, pois não tem ainda capacidade de
entender. É certo que a capacidade de entendimento infantil é pequena, mas,
pelo menos ela ficará satisfeita em receber uma satisfação, pois aquilo ficará
em sua memória e retornará um dia quando ela realmente entender e ou não
aceitar.
Lá vai o pequeno para a escola e lá ele
encontra mais sofrimentos e obrigações. Mesmo com um corpo perfeito, tem sempre
alguém que lhe coloca um apelido, que caçoa da inteligência e coisas que fazem
parte do universo infantil. Muitas vezes essas brincadeiras ultrapassam os
limites e pode acontecer violência física ou psicológica, causando sofrimentos
intensos pela vida toda. Isso também pode ocorrer na família.
O sujeito então, até os sete anos de
idade, já experimentou uma quantidade enorme de sofrimentos. Alguns começam a
reclamar desde cedo, pois têm em sua memória que, quando chorava de fome a
comida sempre vinha e assim, o cérebro registra esse fato: “- reclamar para ter
o que se precisa ou o que se deseja”.
As crianças mimadas usam desse
artifício o tempo todo por se recusarem a aceitar sofrimento, pois descobriram
maneiras de driblar isso. Esse é o caso em que eu digo que, quando você não
sofre, você faz alguém sofrer mesmo que não tenha uma total consciência disso,
pois, uma criança que tem sempre suas vontades satisfeitas, certamente está
fazendo alguém sofrer com suas “pirraças”.
Penso que, o ato de educar muitas vezes
é confundido com o fato de estar impondo sofrimento ao outro, pois o desejo é
um sentimento muito forte que “clama” por uma satisfação dentro de nós e se
isso não começar a ter um controle desde a infância, significa que cada vez
mais a pessoa está fadada a sofrer mais, pois irá esbarrar nos “tem que” e nos
“nãos” de leis, regras e normas da sociedade. Existe uma frase que eu gosto
muito, mas que pouca gente segue para exemplificar isso que é: - “o meu direito
termina quando começa o seu e vice e versa”.
Como disse antes, esse “sofrimento”
imposto à criança tem o nome de educação, ou seja, existem regras gerais de
convivência em família, na sociedade como um todo da qual ele participa, que
precisam ser aprendidas, mas que nem sempre são aceitas ou apreendidas. Temos
algumas crianças que aceitam bem a voz de comando e obedecem sem questionar,
mas isso pode ser sinal de um comportamento apático, uma dificuldade de pensar,
preguiça de agir ou por falta de diálogo ou ainda e somente para não desagradar
os demais. Não vejo como uma coisa boa quando as crianças ou até mesmo os
adultos, obedecem incondicionalmente a tudo e a todos.
A criança vai chegando à adolescência e
começa a sentir as mudanças hormonais e físicas. A sociedade começa a exigir
dela um pouco mais e ela começa a reagir porque ela também quer mais. Quando é
um jovem acostumado a dialogar francamente sobre seus sentimentos e ideias,
essa fase passa mais tranquila para todos, mas os que foram reprimidos em suas
manifestações e receberam pouca ou nenhuma explicação, se rebelam muitas vezes
de forma exagerada e prejudicial causando um sofrimento muito grande para ela e
para os que convivem com ela.
Nós podemos ver claramente pela
televisão, as diferenças culturais e de formação de sujeitos entre os diversos
países e, essa enxurrada de programas estrangeiros, inclusive alguns que
envolvem somente adolescentes, ajuda a criar crises comportamentais em jovens
que receberam uma educação um pouco mais rígida ou apenas diferente.
Quando não há na família o hábito do
diálogo, esse jovem pode querer que sua vida siga o rumo de uma fantasia
televisiva e ele começa a afrontar a sociedade em que vive com um comportamento
que pertence à outra sociedade como cortes de cabelo e roupas, músicas
internacionais de grupos que se vestem dessa ou daquela maneira, buscando uma
identidade, comum na adolescência, mas que poderia ter uma coerência maior com
seu próprio país. O problema é que esses enfrentamentos criam situações de sofrimento
por parte da família e do jovem.
O diálogo poderia resolver muitas
crises e o exercício da democracia em casa também é um bom caminho. Vou citar
um exemplo pessoal para ilustrar isso. Meu filho quando tinha 13 anos era
obrigado por mim, a tomar banho até às 19 horas para jantar. Um dia ele me
perguntou por que ele tinha horário para tomar banho. Respondi que eu queria
servir a janta e não fazer mais nada e não queria me preocupar se ele dormiria
sujo. Meu querido filho disse que ele gosta de tomar banho antes de dormir e
ele me garantiu que eu poderia até ir dormir que ele tomaria banho. Resolvi
então lhe dar um crédito e, por uma semana eu fingi que dormia e ele realmente
tomava banho como o faz até hoje, sempre na hora de dormir. Isso não aconteceu
comigo. Minha mãe me obrigava a tomar banho em um determinado horário e eu ia e
fechava a porta do banheiro e lá, sozinha, me vingava lavando os pés, as mãos e
o rosto e jogando uma aguinha no cabelo pra disfarçar.
Esse é o tipo de democracia que eu falo.
Dependendo da reivindicação, podemos analisar para ver se as ordens podem ser
um pouco mais flexíveis. Isso dá ao jovem uma posição dentro da família e a
diminuição de um sofrimento desnecessário.
Até aqui nós podemos analisar a nossa
própria vida e perceber o tanto de sofrimento que passamos desde o nascimento.
Alguns para o nosso benefício e outros nem tanto, mas que sofremos,
sofremos.
CAPÌTULO II - A ESCOLHA DA PROFISSÃO OU
DA OCUPAÇÃO PROFISSIONAL
Conforme o andamento do texto, estamos falando
ainda de jovens de 13 a 16 anos que estão sempre ouvindo a fatídica pergunta –
“o que você vai ser quando crescer?”.
Tem pessoas que desde crianças já sabem
o que querem fazer, mas a grande maioria ainda nem desconfia o que realmente
gostaria de fazer profissionalmente.
O sistema educacional é um pouco falho
em ajudar o aluno nesse aspecto, mas até o final do Ensino Fundamental o
próprio aluno já tem uma noção de quais matérias ele tem mais facilidade. É
comum também o jovem começar e abandonar vários cursos como de tocar
instrumento, esportes, língua estrangeira, enfim, qual a família que já não
teve que pagar por cursos que não deram em nada?
Todos têm características adquiridas do
meio em que vivemos e talentos naturais. Tem quem goste muito de falar, outro
de andar, alguns de escrever, enfim, temos que perceber qual é o nosso
talento.
Quando conversei com alguns amigos
sobre isso, teve quem dissesse que tem talento pra dormir, aí eu disse que
então deveria buscar um emprego de testador de colchões.
Segundo o dicionário, talento é uma
aptidão invulgar (natural ou adquirida), habilidade humana, vocação ou
dom.
Em uma mesma família as pessoas podem
ter aptidões completamente diferentes, ou seja, tem quem goste de passar roupa,
outro de lavar, alguém adora varrer e há quem não goste de fazer nada e dar as
ordens. Por aí já podemos avaliar um pouquinho do que a pessoa tem.
Tem muitos testes vocacionais e um sem
número de coisas que ajudam na escolha de profissões e, dependendo da crença,
temos eneagrama, horóscopo, numerologia e várias ferramentas que podem até
ajudar o sujeito a escolher uma carreira, mas o que considero mais importante é
analisar o seu talento natural desde cedo, seja ele qual for, e procurar saber
em qual profissão ou função essa aptidão seria útil.
Como um bom exemplo é o funcionalismo
público. Um milhão de pessoas concorrem a cem vagas e se matam de estudar e
pagar cursinhos para passar e ter um emprego que lhe dê estabilidade. Isso não
é mal até que a pessoa comece a trabalhar.
É muito comum o público se queixar de
funcionários públicos. Dizem que eles atendem mal, que são preguiçosos, que
tudo demora, que enrolam muito e tem muita burocracia. É raro ser bem atendido
e ter seu problema resolvido rápido quando poderia depender apenas de boa
vontade. Faltam muito ao serviço, estão sempre de licença e uma série de coisas
que são atribuídas aos empregados do governo brasileiro.
Quantas escolas públicas ficam sem
professores que faltam por vários motivos e principalmente por doença e também
em hospitais onde faltam médicos enfim, isso é largamente divulgado na mídia e
a opinião pública é praticamente unânime quanto a classificar o funcionalismo
público como uma função para quem quer emprego e não trabalho. Lógico que isso
não é regra, pois existem muitas pessoas que dão muito duro e fazem a máquina
administrativa do governo andar bem, mas, a propaganda sempre foi
negativa.
Voltando ao assunto, as pessoas fazem
um concurso para exercer uma função de auxiliar administrativo em uma repartição
com uma carga horária de 8 horas diárias, cinco dias por semana, para atender o
público preenchendo formulários. Essa vaga deveria ser ocupada por alguém que
gosta de trabalhar com o atendimento de pessoas, que suporta ficar sentado o
dia todo, que demonstre alegria mesmo que esteja passando por problemas e que
não se irrite com a rotina do trabalho. Só que, em um concurso o que vale são
as respostas dadas em uma prova e não há um critério de escolha por talento.
Quem se candidata é que deveria saber se é capaz ou não de aguentar a função
por tanto tempo.
Em geral, quando há uma seleção de
funcionários por empresas privadas, ela é feita por um profissional de Recursos
Humanos que conhece técnicas para avaliar a capacidade do sujeito para uma determinada
função, mas não passa essa avaliação para o candidato sendo ele aprovado ou
não. Simplesmente um é aceito e o outro rejeitado, mas ele fica sem saber bem
porque e, pensa que talvez o outro tenha melhor aparência ou uma quantidade de
cursos maior ou ainda uma experiência melhor do que a dele e nem sempre isso é
verdade.
O sofrimento causado pelo exercício do
trabalho penso eu que vem exatamente daí. O sujeito não sabe do que é capaz e
qual é o seu talento, e por isso parte para escolhas erradas e podem acabar em
depressão e um sem número de doenças causadas pela repressão, desmotivação,
baixo salário e muitas outras coisas.
CAPÌTULO III
QUEM SOU EU?
O QUE EU GOSTO DE FAZER?
QUAL É O MEU TALENTO?
Penso que essas perguntas cada um
deveria ter condições de responder “na ponta da língua”, mas não é bem
assim.
Para responder “quem sou eu” você
poderia até pedir a ajuda de um profissional de psicologia porque precisa de um
pouco de coragem para responder isso. Não somos feitos só de qualidades, temos
defeitos e manias que podem exercer uma influência muito grande em nossa
personalidade, mas que fazem parte de nós e temos que tomar conhecimento
disso.
Quem sou eu afinal?
Chego a dizer de mães que abandonam
seus filhos recém-nascidos no lixo ou os matam, quando não possuem uma doença
mental, elas o fazem por total falta de talento para exercer essa função de mãe
ou de pai.
Para tudo na vida precisamos de talento
e dedicação.
Tente responder essas questões, por
exemplo:
- nome:
- filho de
- profissão dos pais:
- local de nascimento:
- qual o fato que marcou sua
infância:
- que tipo de aluno você foi na escola
primária, secundária, superior.
- qual a matéria da escola você mais
gostava
- qual a sua comida preferida
- que tipo de pessoas você gosta de ver
sempre
- que tipo de pessoas você não gosta de
ver nunca
- você gosta de conversar sempre e
sobre quais assuntos
- você não gosta de conversar por muito
tempo
- você gosta de andar
- você gostaria de exercer uma função
que fosse de que jeito
- você gosta de dar ordens ou só de
obedecer
- gosta de aventuras ou não
- gosta de viajar de ônibus, de carro,
de avião.
- quanto pretende ganhar
- se preocupa com o futuro ou ele vai
ser do jeito que Deus quiser
Existem muitos testes de personalidade
que podem ser encontrados na internet e, até em revistas e que podem te levar a
uma análise ainda que superficial ou aproximada de quem você é.
O ideal seria procurar um profissional
para te dar uma dimensão mais exata de você e assim, e a partir daí, encontrar
seu caminho profissional que, com certeza será de grande sucesso.
Uma das piores coisas que você pode
encontrar no mercado de trabalho são profissionais que possuem instrução para o
que fazem e são até bons, mas falta-lhes a alegria em ficar fazendo aquilo
sempre. Quando estamos fazendo algo de que gostamos, podemos dispensar um tempo
enorme da nossa vida nessa atividade sem arrependimento, estresse, frustração e
outras doenças causadas pelo sofrimento.
Apesar deste livro não ser baseado em
uma pesquisa científica específica, estive lendo muito a respeito antes de vir
colocar essas opiniões para serem discutidas.
Pela mídia temos notícias de pessoas
que passaram a vida trabalhando em alguma coisa e que, através do seu trabalho,
cumpriu seu papel social quanto à manutenção financeira da família e ao se
aposentarem, passam a se dedicar ao que realmente gostavam de fazer.
Têm-se notícias de pessoas que
conseguiram ficar ricas ou famosas neste momento, dada à satisfação empreendida
naquilo em que gostavam realmente de fazer.
São muitos os casos de pessoas que tem
a coragem de desistir do que fazem por não suportarem mais e optam por uma
atividade prazerosa.
Tem surfistas que apesar de estarem com
50 anos, ainda vivem de surfe por simplesmente amarem isso e inventam novas
modalidades, fabricam pranchas, mantém um quiosque na praia, dão aulas e ficam
inventando e reinventando maneiras de continuarem ali por estarem felizes. Uma
curiosidade a respeito dessas pessoas corajosas é que o dinheiro não é a parte
mais importante desse processo. Há quem viva com o necessário, mas ainda assim
fica satisfeito e realizado.
Essa pesquisa de capacidade individual
é muito importante para economizar tempo de vida.
Outro ponto que pode ser observado
pelos pais são as atividades que o filho dedica mais tempo, jogos que ele
prefere ou se é inquieto, prefere ou não estar brincando na rua ou em casa
sozinho, se consegue entender bem o que lê ou gosta que os outros leiam. Como a
criança aprende e apreende melhor os conhecimentos que podem ser estudando em
livros, vendo vídeos ou vendo os outros fazerem. Se gosta de desenhar, fazer
anotações ou despreza qualquer tipo de literatura ou papel para escrever ou
desenhar.
Quanto aos jogos, deve-se observar se a
pessoa joga até zerar, se para no meio do caminho e compra outro sempre, se o
jogo exige destreza, raciocínio, cuidado, concentração e quanto tempo é
dedicado a isso. Se ela tem apenas esse passatempo ou também sai de casa para
buscar diversão.
Quanto à Internet, observa-se o que se
busca, quanto tempo dedica-se a isso, se tem mais e ou apenas amigos virtuais
ou se mantém amigos reais e se relaciona com eles fora da rede. Se gosta de ver
vídeos, se estuda, enfim, o que realmente a pessoa faz quando usa a Internet.
Vou dar o meu exemplo. Eu adoro jogos
de uma rede social onde temos que cuidar de um local e ir cumprindo tarefas
para subir de nível juntamente com “vizinhos” que precisam ser atendidos em
seus pedidos e onde se dá e recebe presentes. Conheço pessoas que odeiam esse
tipo de jogo porque não suportam ter que jogar isso diariamente e perdem a
paciência ao ter que esperar por visitas e presentes. Em uma análise simplória
que fiz dos que me são próximos, e os que detestam esses jogos não têm o menor
talento para cuidar de nada como alimentar animais domésticos, arrumar a casa,
consertar coisas de uso pessoal ou comum e não são participativos em atividades
comuns para manutenção da casa, do carro ou de si próprio.
São pessoas que estão sempre em busca
de alguma coisa fora do seu ambiente e com emoções fortes. Detestam obrigações
como acordar cedo todos os dias para ir à escola ou ao médico, por
exemplo.
Eu diria que essas pessoas podem
exercer funções que envolvam movimento como um vendedor ou um artista. Se eles
forem colocados em funções burocráticas e presos a um escritório provavelmente
vão ser infelizes.
A título de curiosidade e, para
esquentar essa discussão, observe o comportamento de alguém próximo a você e
tente ver se ela realmente faz, profissionalmente, o que gosta e se há uma
relação entre o que ela faz em casa ou como hobby e o que ela faz no trabalho.
Pergunte se ela gostaria de mudar de função ou profissão e por que.
Não existe um ser humano que tenha
nascido desprovido de talento.
Podemos ver que até pessoas com
Síndrome de Down têm nos surpreendido com trabalhos excelentes em várias áreas.
Até aquele mendigo bêbado que dorme sujo na rua tem o seu talento e apenas por
problemas mentais ou sociais, ele não está exercendo qualquer atividade.
Entre os “marginais” também encontramos
talentos mesmo que direcionados para coisas ruins para ele e para o meio.
Vamos então buscar, bem dentro de nós,
o que realmente gostamos de fazer para tentar descobrir qual é o seu
talento.
CAPÍTULO IV - AS RELAÇÕES SOCIAIS E
INTERPESSOAIS
“Nenhum homem é uma ilha isolada; cada
homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é
arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório,
como se fosse à casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer
homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano”. (John Donne.)
Como disse John Donne, não estamos e
nem conseguimos ficar absolutamente só. Sempre teremos alguém, sempre
precisaremos de alguém. Não conseguimos fazer tudo sozinhos. A sua própria
mente te acompanha e fala o tempo todo com você. A solidão, eu penso, é um
estado de espírito porque estamos cercados de milhares de pessoas em apenas um
bairro.
Quando você consegue definir se gosta
de estar cercado de pessoas todo o tempo ou só por algum tempo ou nunca, já
consegue distinguir mais um aspecto da sua personalidade.
Há alguns poucos anos quando ainda não
tínhamos a Internet como conhecemos hoje, as pessoas solitárias costumavam ler
muitos livros, pois era uma maneira de estar em uma história sem efetivamente
fazer parte dela. Assim como acontece nas redes sociais e no mundo virtual como
um todo. Ao mesmo tempo você pode deixar todos de lado e mudar de enredo ou ir
fazer outra coisa sem que te exijam esse ou aquele comportamento.
Esse tipo de pessoa sabe se conduzir,
na maior parte do tempo sozinha e quando sente falta de alguém simplesmente sai
um pouco e conversa com qualquer pessoa e fica satisfeita e retorna ao seu
mundo onde ela se sente segura e no controle. Também acontece dessas pessoas
serem ótimas conselheiras porque analisam sempre bem as situações, se não a
sua, mas a dos outros e são sempre procuradas para dar conselhos.
Poderíamos dizer que, com esse perfil,
essa pessoa poderia ser um bom psicólogo, um terapeuta, contanto que tudo
funcionasse dentro de um determinado dia e horário.
No casamento, o melhor seria que a casa
oferecesse um quarto para cada um dos cônjuges para garantir um espaço para
“respirar”.
No mercado de trabalho, como eu disse
antes, essas pessoas agitadas, precisam ter uma ocupação liberal por que a
rotina de obrigações a sufoca. Acordar todos os dias no mesmo horário e ter que
cumprir uma jornada de 8 a 12 horas em um serviço sem qualquer liberdade não é
nada agradável.
Temos quem goste de estar cercado de
pessoas todo o tempo e dividir todo o dia com alguém e detesta estar sozinho em
casa ou em qualquer lugar. Essas pessoas são colaborativas ou, em outro
extremo, muito dependentes e trabalhariam bem com o público em geral como em
eventos, salão de beleza, enfim com tudo que envolve a presença de pessoas todo
o tempo.
Os preguiçosos que não gostam de fazer
nada, para mim, são pessoas que não querem se dar ao trabalho de encontrar
alguma coisa que lhe agrade e estão sempre sendo empurradas. Quando exercem
alguma função geralmente chegam atrasados, faltam e estão sempre reclamando
então eu a colocaria como vendedor externo apesar de correr o risco de ele
faltar aos encontros de negócios, mas, se for um produto para clientes de alto
nível não terá muitos problemas já que normalmente os horários desses encontros
dar-se-ão após as 10 horas da manhã ou à tarde. Com pouco trabalho burocrático
ele pode ter uma chance de uma renda mensal razoável.
Esses são apenas exemplos baseados em
observações, mas que podem trazer uma direção para quem está infeliz no
trabalho.
Conheço pessoas que são quase incapazes
de tomar decisões e precisa de uma tutela o tempo todo e para eles eu sugiro
Ciências Contábeis, funções administrativas em escritórios, ou qualquer outra
função em que, no máximo ele seria uma segunda pessoa, nunca o líder.
Ninguém é igual a ninguém tanto que, a
Psicologia é uma ciência inexata, pois não há um rótulo para cada indivíduo.
Você pode ser um preguiçoso em casa e não ser na rua; pode não ser um bom líder
entre os amigos e conseguir liderar em casa. Enfim, cada caso é um caso e somos
uma “colcha de retalhos”. Cada pessoa que encontramos acrescenta alguma coisa a
nós seja positiva ou negativa.
Cada vez mais eu argumento para leva-lo
para dentro de você a fim de que você possa fazer uma viagem interna e ir
descobrindo o seu talento.
Tem muita gente que fica rica com o
trabalho, mas não quer dizer que estejam felizes com ele.
Qual a importância de sermos
efetivamente felizes no trabalho?
A minha resposta está baseada em uma
convicção pessoal de que estamos aqui neste planeta por algum motivo e o que
fazemos interfere na ordem universal. Além disso, ouvimos o tempo todo sobre
“viver em um mundo melhor” e isto só é possível com pessoas alegres e
satisfeitas no seu interior.
A felicidade é um estado de espírito e
são as emoções e sentimentos que criam o campo energético no nosso entorno e em
volta de tudo o que vimos, falamos e fazemos. Só atraímos os nossos iguais ou
equivalentes então, pessoas infelizes todo o tempo só atraem deprimidos.
Ricos geralmente vivem no meio de
pessoas com dinheiro e assim sucessivamente. Às vezes fazemos parte de um grupo
contra a nossa vontade, mas nós é que somos os culpados disso, pois não
conseguimos vibrar em outra direção.
A infelicidade de mais um dia de
sacrifícios já faz com que o amanhecer seja pesado apesar do sol
brilhando.
Concluindo este capítulo indo de
encontro ao subtítulo, percebemos que não conseguimos viver sozinho porque
precisamos do médico, do gari, do professor, da mãe, enfim, ninguém é mesmo uma
ilha. No máximo ele consegue criar a sua ilha na sua casa ou no seu quarto, mas
as pessoas estão lá. O seu grupo está lá então tentemos saber quem somos nós e
como posso colaborar com a sociedade sem que para isso eu precise ser
infeliz.
CAPÍTULO V – O QUE É FELICIDADE
AFINAL?
O inglês Bertrand
Russell (1872/1970) escreveu “A conquista da felicidade”, usando o método
da investigação lógica para concluir que é necessário alimentar uma
multiplicidade de interesses e de relações com as coisas e com os outros homens
para ser feliz. Para ele, em síntese, a felicidade é a eliminação do
egocentrismo.
Depois de ler o que os filósofos
escreveram sobre a felicidade eu cheguei a Bertrand Russell com essa citação
acima.
Realmente o egocentrismo encaminha o
sujeito a vários aspectos negativos para si mesmo. É realmente difícil
conseguir que tudo e todos vivam e existam apenas para dedicar-se a um só ser a
fim de satisfazê-lo em todos os seus desejos.
As relações de trabalho são realmente
ingratas porque você dá uma parcela de si para que o outro enriqueça ou para
atender as necessidades de um grupo. Temos que ter a exata dimensão do que o
nosso trabalho produz para nós e para os outros.
O egocêntrico pode optar em ocupar um
cargo de chefia ou ser um profissional autônomo, mas antes, ele precisa se
identificar como tal, o que não é muito fácil de admitir. Esse é um grande
motivo de infelicidade no trabalho devido à dificuldade de colaborar com o
trabalho dos outros, fortemente presente nos egocêntricos.
O pensamento de que o mundo gira em
torno de nós é fortalecido na infância quando todos costumam dar muita atenção,
carinho e cuidado às crianças. Quando pedimos que a criança imite alguma coisa
ou emita sons ou ainda que bata palmas e todo mundo diz que aquilo é lindo.
Quando na infância fazemos desenhos horríveis e todo mundo diz que é
maravilhoso.
Tudo isso contribui para o
fortalecimento do egocentrismo.
Quando a criança convive constantemente
com outras da sua idade, ela começa a descobrir que não é todo mundo que a
idolatra. Ela vai ter que se esforçar para ter reconhecimento.
Hoje em dia os grupos estão ficando
muito limitados e até o número de irmãos tem diminuído a ponto de existirem já
uma enormidade de filhos únicos.
A solidão na infância e na juventude só
não é ainda um fator de preocupação em função da internet porque, ainda que
seja virtualmente, a pessoa se sente acompanhada.
Quando os pais observam como seus
filhos interagem em um grupo e facilitam a sua integração, os resultados podem
ser melhores do que os pais que percebem a dificuldade de relacionamento do seu
filho e o protegem do grupo ao invés de conversarem sobre os problemas de
relacionamento.
Como exemplo eu tenho um caso comum que
ocorria com a minha vizinha que era o seguinte: - nós tínhamos na rua seis
crianças vizinhas que brincavam constantemente e por serem todos meninos, de
vez em quando eles se aborreciam entre si ou começavam uma briguinha com pedras
ou xingamentos.
Todos sabem que briga de criança dura
pouco, mas a mãe do menino mais chato de todos por ser mentiroso fofoqueiro e
covarde, sempre vinha na nossa porta reclamar dos nossos filhos por terem
maltratado o dela.
Um dia eu me irritei com isso e com
esse “olho” de educadora que não me larga, eu falei pra ela a verdade sobre o
filho dela e ainda mais.
Disse a ela que quando ele estivesse
com 20 ou 30 anos ela não poderia ficar indo à casa dos outros para reclamar
disso ou daquilo que estavam fazendo com seu filho. A melhor opção seria ela
ouvir o filho e orienta-lo de como ele deveria fazer para evitar brigas.
Como ela acreditava em qualquer coisa
que ele dizia, ele começou a mentir. Muitas vezes ele começava a briga e quando
a coisa ficava feia ele corria pra casa chorando dizendo que os outros bateram
nele ao invés de dizer que os outros estavam se defendendo ou reagindo ao mau
comportamento dele.
Qualquer coisa que faziam e que o
desagradava ele começava logo a falar mal e a bater e sempre correndo pra casa
chorando culpando os outros.
Ela então decidiu deixa-lo de castigo
toda vez em que ele entrava chorando. Ela falava pra ele: - já que ninguém
gosta de você é melhor ficar sozinho com seus brinquedos. Isso o matava de
raiva porque ele ficava ouvindo as crianças brincando na rua sem ele (aliás,
mais felizes só pela ausência dele).
Depois de uns meses repetindo isso ele
começou a ficar mais calmo e parar com as mentiras e quando ele se aborrece,
ele mesmo vai pra casa, mas não fala nada mais pra mãe.
Ainda com relação a esse menino, a mãe
não conseguia que ele se relacionasse bem no esporte e depois disso ela
conseguiu coloca-lo para fazer uma luta e na escola de futebol onde ele
permanece. Até as queixas da escola diminuíram.
Nesse caso, havia sempre alguma das
mães ou mais de uma conversando na rua ou de vez em quando apareciam no portão
pra ver como estavam as coisas. Era um grupo onde todos se conheciam e sabíamos
que as confusões deles eram coisas mesmo de crianças. Lógico que existem casos
de ofensas ou machucados graves que não podem passar despercebidos, mas não era
o caso desse grupo. O mais importante é estar atento aos filhos e saberem
sempre com quem andam e o que fazem. As intervenções têm que existir, pois se
não, estaríamos criando uma pessoa livre de conceitos, sem medo de nada, o que
também não é nada bom. O equilíbrio é a chave.
Vimos então como é fácil alimentar o
egocentrismo nas crianças. Se essa mãe continua com o propósito de defender seu
filho dos coleguinhas que tipo de profissional essa pessoa seria? O meu palpite
é que seria infeliz em qualquer uma só pelo fato dele não aceitar e não saber
se defender e nem argumentar desde cedo além de inventar coisas a respeito dos
outros apenas para obter a atenção, ou seja, um covarde. Em uma empresa seria
chamado de “X9”, “puxa saco” ou coisa pior.
Eu tenho então, que dar razão a
Bertrand Russell quando ele diz que o egocentrismo tende a levar o sujeito
à infelicidade.
CAPÍTULO VI – EM QUE MUNDO EU
VIVO?
Essa parece uma pergunta fácil de
responder, mas o mundo ao qual me refiro não é o Planeta Terra e sim as
convicções que se tem do que é o mundo.
Quando se é religioso tudo é atribuído
a Deus. Se Deus quiser, se Deus me ajudar, mas o ateu tem outra concepção de
mundo, pois ele não atribui nada a Deus e um ateu e um religioso podem ser
vizinhos e conviver na mesma rua e até trabalharem na mesma empresa e serem
casados, possuírem a mesma renda, enfim, terem vidas parecidas, serem parentes
até, e estarem próximos, mas viverem em mundos diferentes.
A análise do seu mundo começa pelo que
você acredita que te pertence e o que você domina como, por exemplo: - você não
acredita que seja capaz de ser um astronauta porque talvez você nem creia que o
homem chegou à lua. Você vê na televisão os artistas que possuem aviões
particulares e isso pode lhe parecer uma fantasia.
As limitações dos sonhos de carreira ou
de tipo de vida que se quer levar são induções do meio, ou seja, as pessoas as
quais você convive levam uma vida de trabalho duro, sem muitas perspectivas e
com sonhos que custam pouco dinheiro. Se você cresce num ambiente desses,
automaticamente você será encaminhado para o mesmo esquema a menos que você
reaja ou que conviva com pessoas de outras classes sociais onde tudo parece ser
mais acessível, para lhe dar um outro parâmetro.
Dizem no meio educacional desse país
que, filho de pedreiro, pedreiro será e por isso não vale o esforço para tentar
ensinar nada a mais aos pobres porque eles não vão muito longe.
Mesmo que alguns poucos se esforcem
para chegar à faculdade, dificilmente vão ter um progresso financeiro ou fama
em função da baixa autoestima natural.
Em se tratando de jovens cuja família
seja abastada, o mesmo pode acontecer devido ao excesso de expectativa e
cobrança já que a esse sujeito tudo foi dado para que ele alcançasse o sucesso.
Muitas vezes a pressão é tão grande que eles não aguentam e optam pela total
alienação se entregando às futilidades como festas ou indo para as
drogas.
Em ambos os casos houve uma falha no
auxílio da construção do sujeito porque a ideia de que a criança é como se
fosse um animalzinho de estimação ainda permeia em muitas famílias. Basta ver
que até hoje, quando você está diante de uma mãe com um bebê ela sempre quer
mostrar as gracinhas que seu filho faz.
“Tem muita gente que acredita que uma
criança que nasce em uma família vai ser igual a alguém daquela casa e isso é
colocado na cabeça dela desde que nasce com aquelas frases:” - é a cara do pai!”(ou
da mãe) e com isso a criança no seu inconsciente já começa a imitar aquele que
disseram que ela se parece e se identifica”. Conforme vai crescendo o povo
continua dizendo: “- tem a mesma mania do pai (tio, avô etc.).” O jovem vai
crescendo no meio de pessoas que acreditam que aquele sujeito tem que ser igual
a alguém da casa ao invés de entender que cada um é único e nem os gêmeos são
absolutamente iguais em corpo e em pensamento.
É claro que a pessoa depois de conviver
por anos com um determinado grupo, ela vai ter absorvido um pouco de cada um,
mas de jeito nenhum ela é igual ou tem que ser igual aos demais e nem tampouco
ter a mesma profissão ou o mesmo destino.
De qualquer forma, se você conseguiu
ler esse livro até aqui é sinal de que você está buscando alguma coisa e que
aprendeu que um livro, não é apenas um amontoado de palavras e sim, um diálogo
com alguém que pode te ensinar ou tentar te ajudar a entender algo que você
está buscando e por isso, meus parabéns.
Eu me atrevi a escrever esse livro
justamente por que as pessoas sempre me chamaram de boa conselheira e por isso
espero estar te ajudando também apesar de saber que cada caso é um caso.
Continuando, você pode fazer um desenho
do seu mundo começando pela família, pela casa e caminhando pela religião, o
que você acredita ser bom ou ruim. Quais lugares você conhece, quais pessoas
você admira e por fim tentar ver o que você conhece e convive de verdade sem
incluir sonhos ou coisas que você vê na televisão. Essa parte tem que conter as
interações diárias, tudo o que você convive e até o tipo de pessoas que você
tem como amigos.
Vou ajudar dando um exemplo de alguém
que conheço: - uma moça que nasceu depois do seu pai ter ido embora sem saber
que a mulher estava grávida. Ela já tinha uma irmã com 12 anos de diferença de
idade e um outro irmão com oito anos mais velho. A mãe vivia de favores e do
trabalho da filha mais velha, ou seja, uma casa pobre, com dificuldades onde
todos os jovens foram trabalhar para a subsistência muito cedo. Essa moça não
conseguiu chegar à faculdade porque a sua família nuclear não tinha ninguém
formado, não teve um carro e acabou se casando e tem um filho. Ela e o marido
não conseguiram ter uma casa e sempre moraram com a mãe dela na casa em que o
irmão conseguiu construir, mas não conseguiu dar um bom acabamento. A minha
opinião pessoal a respeito é bem negativa, pois em 15 anos eles não construíram
nada e apenas conseguiram comprar um carro velho do irmão dele que eles têm
como se fosse um carro do ano. É uma relação sem respeito e eu costumo dizer
que eles estão brincando de casinha, mas, apesar de tudo ela não quer se
separar porque não aceita criar um filho sem pai.
Isso não é tudo, mas o que eu queria
mostrar desse caso real é que essa ideia fixa que ela tem de não criar um filho
sem pai foi um trauma o qual ela não conseguiu superar e por isso mantém um
casamento falido apenas por isso. Ela não estudou mais porque não teve exemplo
e nem incentivo, pois o bom para a sua família seria apenas ter mais uma fonte
de renda para ajudar nas despesas. Outra coisa que acontece com ela é que,
devido à situação difícil, a sua família teve que se mudar de casa várias vezes
e é uma coisa que ela também não suporta.
Então dá para ver claramente que ela se
deixou levar por um mar de enganos e traumas que poderiam não existir caso ela
parasse para pensar nisso tudo que estou escrevendo. Se ela tivesse pensado em
fazer melhor e diferente e lutasse por isso, certamente ela teria conseguido
porque o sonho dela era ser modelo e ela tinha atributos para isso. Ela se
deixou levar pelo mundo em que viveu. Hoje ela tenta se maquiar, se arrumar e
faz “caras e bocas” como se fosse uma modelo e só conversa sobre amenidades
como se fosse uma “madame”, ou seja, ela vive num mundo de ilusões já ela não
conseguiu perceber que a realidade em que ela vivia desviou o seu caminho e
para suportar a vida que ela leva, ela criou um personagem e vive num mundo de
ilusões. Quem a conhece fora do contexto familiar não imagina como ela vive,
pois ela parece ter uma vida maravilhosa e despreocupada.
Conseguiu entender quando eu disse que
você precisa fazer um esboço do que você tem de real e concreto para achar um
caminho para onde você quer chegar?
Qual é o mundo em que você vive?
O Pequeno Príncipe deixou o seu planeta
para conhecer outros e percebeu que não conseguia se desvencilhar da sua
origem, dos que amava e chegou à conclusão de que era em seu próprio planeta
que ele deveria estar e cuidar de tudo o que amava. Essa era a sua
missão.
Fernão Capelo é um jovem em busca de
identidade e também foi aventurar-se sem ter a devida noção do que realmente
ele era e qual era o seu papel no mundo.
Estes dois livros, tem uma linguagem
simples e um conteúdo bem profundo e precisam ser lidos devagar, digeridos como
uma deliciosa sobremesa. Cada vez que você lê, encontra um aspecto a ser
observado e comparado à sua própria vida.
Nos dois livros você percebe que a
busca pelo “qual é o meu lugar” é a base e, quando encontrada, ficam em paz e
feliz consigo mesmo.
CAPÍTULO VII – SOU PARTE DO
UNIVERSO
Buscar o seu lugar no mundo está além
da sua família, do lugar onde você vive, mora, se diverte e trabalha.
Fazemos parte desse grande Universo e,
por ser grande demais para alguns imaginarem, vou trazer uma visão mais próxima
disso falando da natureza.
Tudo na natureza tem a sua função, o
seu lugar, segue uma ordem imutável e constante. Se renova, frutifica, perfuma,
alimenta e segue o seu rumo quieta e suavemente somente interrompida pelo
homem.
Existem árvores frutíferas, as que
apenas dão sombra, as que têm galhos fortes e abertos que proporcionam o
descanso dos pássaros. Árvores que tem troncos grossos que permitem aos animais
fazerem tocas, enfim, nem todas as árvores tem a mesma função apesar de serem
parecidas. Todas são fixas em um lugar e em comum possuem raiz, tronco e
folhas.
Os animais também seguem esse mesmo
caminho. Eles já nascem com instinto e também, seguem um caminho próprio porque
não questiona qual é o lugar deles no mundo e são felizes (suponho) ao seu
modo.
Nós somos diferentes porque somos
racionais e inteligentes. Somos parte dessa natureza. Cada um tem seu jeito
próprio de ver e de pensar sobre tudo. Cada qual processa de maneira diferente
tudo o que vê, sente e lê e, por essa razão, cabe a cada indivíduo,
separadamente, pensar sobre si mesmo por que no momento em que uma pessoa se
anula e se deixa levar pelo meio, ele está infringindo uma lei natural que nos
foi dada e que nos diferencia das demais espécies que é o ato de pensar.
Partindo para uma analogia bem simples,
perceba que uma árvore frutífera não dá aos seus frutos uma direção
pré-determinada. Cada um de seus frutos pode tomar um rumo diferente. Uns podem
ser colhidos e comidos por pessoas, outros podem ficar no pé e apodrecerem,
alguns viram comida de animais, tem os que caem e apodrecem ao lado da “mãe”, e
os que são direcionados pela natureza ou pelo homem, a se tornarem outras
fontes de produção de frutos. A diferença entre nós e esse processo natural é a
oportunidade de escolha e a única coisa que nos dá a certeza de estarmos no
lugar certo, é a sensação de bem estar e por que não dizer, de
felicidade.
Com os animais acontece o mesmo
processo. Alguns filhotes são mais espertos, outros mais paradinhos e os mais
fracos correm o risco de serem mortos pelo predador, primeiro que os
outros.
Falando ainda de animais, perceba os
pássaros engaiolados. Eles deixam de cumprir o seu papel no mundo claramente
porque todos sabem que eles possuem asas para voar, talento para fazer ninhos e
procriar. Eles têm a função de distribuir as sementes pelos campos e florestas
enfim, por um aprisionamento causado por um fator fora do natural, eles são
retirados do seu lugar, onde deveriam estar, para satisfazer a um prazer humano.
Agora eu pergunto: será que ele
consegue ser feliz na prisão? Não sabemos por que eles não falam a nossa
língua, mas, eu deduzo que não, pois a sua natureza, o seu talento, está sendo
proibido de ser exercido.
Isso não justifica qualquer tipo de
rebeldia por parte dos jovens. Isso é um argumento para levar qualquer tipo de
pessoa, independente da idade, a refletir sobre qual o papel que está exercendo
dentro do seu meio e se está se sentindo bem posicionado e contente por
isso.
Quando os jovens se rebelam na famosa
adolescência, é porque está faltando a ele argumentos suficientes para que ele
obtenha as suas respostas. É uma maneira de experimentar o mundo, a sua
autoridade, as suas vontades e é assim que eles expõem a sua essência. É a hora
em que o conhecimento adquirido entra em choque com o que ele pensa que quer e
já sabe e o que ainda quer aprender. É na adolescência que os pais podem
perceber os conceitos e preconceitos que foram passados para esse jovem e é o
momento de ter a coragem de sentar e conversar sobre tudo, exaustivamente. Se
esse jovem se sentiu amado e parte integrante do grupo, ele vai se abrir e,
esse processo de crise interna passa mais suavemente, mas, se ele foi excluído
desde criança, esse processo pode ser bem mais complexo.
Estou sendo simplória demais e
generalizando até, porque existem diversos profissionais na área da psicologia,
da educação e outras, que fazem um estudo muito mais minucioso e complexo
dessas situações e estou aqui, pura e simplesmente dividindo a minha
experiência e ideias, não tão longe também de um conhecimento (ainda que pouco)
acadêmico.
Tudo isso ocorre no ser humano por que
ele tem a capacidade de pensar. Se nascêssemos com instinto, talvez fosse mais
fácil.
Tente observar a natureza e o seu
curso. Perceba que, quando você encontra o seu lugar, a sua função, você se
sente realizado e mais feliz.
Um amigo certa vez me disse que eu
precisava ser uma observadora de mim mesmo. Eu fiquei analisando isso por um
bom tempo. Como eu iria me observar com essa correria?
De tanto me relacionar em redes
sociais, passei então a observar a minha escrita e as respostas obtidas. Pude
perceber que eu estava fazendo muitos julgamentos sobre as pessoas e me fiz à
pergunta: - o que me autorizava a fazer isso? Se uma pessoa agiu, em minha
opinião, com falsidade, era eu, apenas eu, que estava me sentindo ofendida. A
pessoa que comete o ato, nem sempre tem a intenção de fazê-lo.
Se eu me sentia agredida, poderia não
ser essa a intenção do agressor. Ele poderia estar apenas se defendendo do meu
ataque (que eu posso ter feito também sem essa intenção).
Perceba que, quando eu me conheço e me
posiciono dentro de mim, as coisas ficam mais fáceis. Passei então a buscar
palavras com mais cuidado, a me explicar melhor e parar de fazer julgamentos
por que, ao julgar o outro, parte desse preconceito está em mim.
Comecei a perceber em mim, a quantidade
de ideias pré-concebidas e o padrão ao qual eu estava inserida. Notei que,
entre o meu discurso e a fala existia uma diferença, pois, como educadora eu
preciso conviver com as diferenças sem questiona-las de maneira negativa e sim
reposicionar os sujeitos para que eles encontrem uma maneira de se relacionar
melhor com o mundo e com as regras da sociedade.
O nosso “baú de memórias” sempre está
cheio de coisas que nem sabemos que está lá. Quando você assume a posição de
observador, como um salva-vidas na praia, dá para ir tendo uma dimensão do que
se tem guardado e se o seu discurso realmente condiz à prática.
Quando você sempre acha que a grama do
vizinho é sempre mais verde, é porque alguma coisa está errada no seu terreno.
CAPÍTULO VIII - FALAR É FÁCIL, QUERO
VER FAZER.
Eu não nasci em “berço de ouro” e por
isso, para mim é super fácil falar das dificuldades em conseguir superá-las e
como fazer isso.
Para começar a te dar um exemplo, eu
tive que ir trabalhar com 12 anos para ajudar a sustentar a família e fui
vivendo, como papel na ventania, achando que eu nunca ia chegar a lugar algum
por falta de oportunidade.
Falando em falta de oportunidade, eu
gostaria que tudo tivesse caído de paraquedas na minha vida e eu não fiz
qualquer esforço mental para isso. Meu pai tinha dinheiro para me dar uma ótima
vida, mas nem de perto fez qualquer coisa. Meus pais eram separados e ele, no
máximo, me deu um emprego na empresa dele. Nenhuma mordomia, salário baixo e
muitas broncas para trabalhar mais e melhor que os demais porque eu era filha
dele.
Não fiz curso superior ao final do
Ensino Médio porque ele não pagaria minha faculdade e nem meu salário dava para
isso e, estudar para Universidade pública estava fora de contexto porque eu nem
poderia pagar por cursinho. Não passou pela minha cabeça de que eu fosse capaz
de conseguir estudando sozinha. Eu tinha um descrédito de mim mesma muito
grande e, apesar de querer ter uma vida melhor, esbarrava sempre nas frases de
dificuldades que eu escutava dia e noite dentro de casa.
Além disso, fui ensinada a ter fé, mas
não uma fé construtiva e sim, aquela fé em que eu sou miserável e preciso de
ajuda para tudo. Eu deveria pedir e me humilhar para conseguir ou prometer
coisas e assim fui vivendo.
A minha fé, particularmente se
transformou ao longo dos anos e, onde as pessoas viam a espiritualidade como
superiores, eu passei a ver como amigos e assim, ao invés de ficar implorando
ajuda, eu passei a conversar sobre as situações e aprendi a escutar o que eles
falavam.
Com isso, apesar de ainda estar surda e
fraca para chegar onde eu queria estar, eu acreditava e, aliás, ainda acredito,
que eu tenho amigos no Universo e você pode contestar e ter a sua própria
crença do seu jeito, mas eu passei a entender que tinha amigos que me amavam e
me aconselhavam de uma maneira verdadeira e assim, mesmo que lentamente, eu fui
seguindo os conselhos. Isso em Filosofia se chama o “plano das ideias”. Um
banco de dados disponível a quem quiser acessar. Como se todo o conhecimento do
mundo estivesse em uma biblioteca e basta se concentrar e querer de verdade que
passamos a ter acesso.
No geral, eu sempre tinha uma situação
melhor do que a da minha família, ainda que não fosse o ideal para mim só que
eu nunca desisti e, apesar da demora, eu segui em frente com convicções
próprias, com coragem e algumas vezes me deixando vencer também.
Um belo dia, já com uns 38 ou 39 anos,
um irmão por parte de pai veio me visitar e me alertou que eu deveria parar de
me lamentar sobre o que meu pai não havia feito por mim e assim, levar a culpa
da minha situação de pobre, e eu mesmo fazer algo por mim.
Essas palavras caíram em mim como uma
bomba e eu refleti muito sobre isso e entendi que era um recado de Deus porque
ele precisou ir do Mato Grosso ao Rio de Janeiro para me dizer isso.
A partir daí eu comecei a pensar sobre
o que eu poderia estar fazendo por mim e fiz uma reviravolta na minha vida. Me
desfiz de um casamento ruim e, mesmo com um filho de três anos e sem trabalhar
na época, eu fiz tudo o que estava ao meu alcance para me realizar. Passei
poucas e boas, mas consegui um emprego e através dele, uma bolsa para a
faculdade. Fui lá e fiz a faculdade apesar dos 40 anos de idade. Não vou dizer
que foi tudo fácil porque eu ainda vivia cheia de conceitos de pobreza e de
dificuldade na cabeça e qualquer tentativa de pensar diferente, eu recebia uma
enxurrada de pessimismo dos que eu tinha em volta.
Por incrível que pareça, um dia eu fui
a um culto de uma igreja, a convite de uma vizinha muito boa, e alguém lá me
disse que eu estava fadada à vitória. Que eu iria vencer todos os obstáculos.
Isso de novo me deu uma levantada porque eu deixei essas palavras entrarem e
fazer parte de mim.
Não mudei de convicção religiosa porque
continuo espírita e espiritualista, apenas o Universo foi encontrando meios de
chegar até mim para me conduzir porque afinal, eu tinha sonhos e eles apenas
estavam sufocados embaixo de muito pessimismo adquirido.
Um dia, desde a infância, eu comecei a
desejar ser professora e no bairro em que eu morava, existia um colégio de
referência para formação de professores e eu queria estudar lá e me formar só
que, segui outros caminhos e parei de sonhar com isso. Como eu disse antes, a
bolsa que ganhei para a faculdade era para Letras ou Pedagogia e eu escolhi a
segunda opção. Quatro anos depois eu me formei em professora, ou seja, meu
sonho se realizou.
No fim, eu nunca analisei as minhas
possibilidades e gostos e passei muitos anos infeliz no trabalho e o reflexo
disso foi às várias mudanças que fiz de empregos.
A partir da formatura em pedagogia eu
fui lecionar em uma creche e descobri que meu talento para ensinar não era para
crianças e sim para jovens e quero ainda lecionar filosofia no Ensino Médio ou
Metodologia da Pesquisa em uma faculdade que são dois assuntos que eu
adoro.
Se eu tivesse tido discernimento aos 20
anos e tivesse aprendido que tudo é possível desde que eu esteja no caminho
certo, com certeza eu teria feito tudo diferente e poupado anos de
sofrimento.
Muitas coisas me ajudaram e por isso eu
não dispenso qualquer tipo de terapia ou conhecimento espiritual e filosófico
porque foi através disso que estou aqui escrevendo, parte inspirada e parte com
o meu dom de lecionar e escrever.
Quando comecei a trabalhar na empresa
do meu pai, aos 12 anos, as pessoas que frequentavam a empresa, amigos dele,
eram todos militares ou pessoas com altos cargos e fui levada a aprender a
falar e a escrever bem desde cedo. Só não aproveitei esse aprendizado, juntando
ao meu gosto de escrever e de ler, a época porque vivia como papel na ventania
e não observava nada e nem aproveitava nada disso a meu favor porque apenas
trabalhava para sobreviver e ninguém havia me dito que eu poderia sonhar com o
que eu quisesse e que era possível realizar qualquer coisa desde que não,
permitisse que as frases negativas e limitadoras invadissem a minha
mente.
Quando eu digo que “falar é fácil,
quero ver fazer”, é onde eu conto a vocês que eu aprendi a fazer e dou exemplo
e garanto que funciona porque sou uma cientista e só libero informação a partir
do momento em que eu experimentei em mim mesmo.
Faça esse caminho de descoberta sobre
quem você é, o que você realmente gosta de fazer, observe o seu entorno, não
deixe que a negatividade tome conta de você e trace o seu destino.
CAPÍTULO IX – ACREDITE NOS SEUS
SONHOS
Sempre ouço falarem isso desde sempre e
achava que era bobeira.
De repente um em um milhão conseguia
realizar o seu sonho e dizia isso porque não tinha nada melhor pra dizer.
Eu mudei de ideia quanto a isso e
reafirmo que devemos sim acreditar no sonho, mas não podemos simplesmente ficar
parados esperando que ele aconteça. Observe a si mesmo e veja se seu desejo
está de acordo com o que você é. Se ele abrange outras pessoas. Como exemplo,
conheci uma moça cujo desejo era ganhar na loteria e ela dizia que não ia
conseguir porque a sua mãe era muito pessimista e ela só não ganhava porque se
isso acontecesse, a mãe dela seria beneficiada e esse pessimismo a impedia de realizar
esse sonho ou qualquer outro de elevação financeira.
Observe isso. Ela simplesmente tinha
bons pensamentos, mas o seu erro era justamente se atrelar ao pessimismo da mãe
ao invés de sonhar com mais força para que o seu sonho fosse maior que tudo isso.
Entende como a coisa funciona?
Outro caso foi o de um garoto que
conheci ainda com 10 anos, amigo de escola do meu filho e lá pelos 15 anos,
para entrar no Ensino Médio, perguntei o que ele queria ter de profissão e ele
respondeu que queria ser médico, mas entendia que não dava porque sua família
não tinha dinheiro.
No contexto financeiro e social dele
isso não seria possível e falei para ele que ele poderia sim querer ser médico,
desejar e sonhar com toda a força e talvez por imposição, ele tivesse que
trilhar um caminho mais difícil no começo, estudar mais, mas, à medida que
fosse avançando, ele veria que tudo ia se ajeitando desde que ele se mantivesse
com o sonho vivo e forte dentro dele. Citei casos que aparecem na televisão, de
pessoas que viviam na miséria, catando lixo e se formaram e obtiveram até ajuda
inesperada de pessoas e até do programa para continuar e se formar.
Meu discurso ficou no vácuo porque ele
desistiu e foi trabalhar e ajudar a família. Tentou ir à faculdade, mas
desistiu porque nem era o curso que ele queria de verdade. Ainda falei para ele
fazer Enfermagem porque estaria já inserido no contexto, mas o curso era caro e
ele desistiu de vez. Como dizem as pessoas, “vida que segue”. Ele simplesmente
segue o mesmo destino dos seus com um subemprego, uma vida de sacrifícios e com
sonhos bem pequenos.
Olhando de fora, é mais fácil analisar
então aproveite e traga a sua história para fora e a observe como expectador.
Um terapeuta me disse isso uma vez. Tire a sua história de dentro de você e
coloque-a como uma novela na televisão ou como um filme e analise tudo com
cuidado e trace novas estratégias e lute com todas as forças, para ter e ser o
que você quiser com o bendito final feliz.
Outra limitação é quando você quer ser
igual a alguém. Isso põe uma parede limite de onde você poderia chegar. Não
podemos desejar ser ou ter o que o outro é ou tem porque cada um tem uma
história e no fundo, não sabemos o que a pessoa teve que passar para chegar a
ser ou ter o que tem. Desejar ser igual ao outro é adquirir o pacote completo
que vem também com tudo de ruim que nele existiu ou existe.
Quando se fala isso só pensamos na
parte boa e nunca na parte ruim da coisa. Assim é querer ser como um artista
tal. Esse artista pode ter tido uma grande luta para chegar aonde chegou e sua
vida pode não ser aquilo que a mídia mostra e ter muitos podres por trás da
história maravilhosa que conseguimos conhecer.
Queira ser ou ter uma coisa do seu
jeito, da sua maneira porque, quando você deseja o do outro, lembre-se de que o
pacote vem com tudo de bom e de ruim junto. Não dá para comprar uma carne de
segunda sem que venha junto às pelancas e o contra peso, mas na carne de
primeira, podemos escolher como a queremos.
Seja autêntico, queira coisas que te
façam feliz sem levar de quebra as coisas ruins dos outros porque isso se chama
inveja e se ela fosse boa, não seria um dos pecados capitais.
CAPÍTULO X – EU, EU E EU.
Longe de ser egoísmo pensar em si e nos
seus sonhos porque se estivermos bem, traremos felicidade ao mundo e aos que
nos cercam.
O fato de você descobrir quem você é,
as suas capacidades, os seus desejos, suas limitações, seus egos, seus defeitos
e qualidades, traz a oportunidade de corrigir o que te impede de caminhar e
assim, melhorar a vida de todos ao redor.
Não temos o hábito de aprender com as
palavras alheias a menos que permitamos isso. O que mais nos impulsiona são os
exemplos, tanto bons quanto ruins então, seja o exemplo, seja alguém que os outros
possam se espelhar, mas não querer ser igual. Só você sabe a luta que trava
consigo e com o mundo para chegar onde quer.
Há quem diga que a parte material não é
importante e eu sou contra isso porque o material facilita o espiritual só não
podemos viver em função de coisas porque isso não satisfaz. Se você consegue
uma boa casa, um bom carro e começa imediatamente a desejar mais e mais apesar
do bom que você tem, é hora de rever seus conceitos porque você conseguiu algo
bom e ao invés de curtir isso você entra na ”pilha” de que pode mais e quer
mais e começa a viver em uma prisão onde as coisas se tornam mais importantes
do que o ser.
Essa busca por satisfação apenas
material não tem fim. Se você já tem coisas boas, use seu dinheiro e sua
energia para viajar, conhecer pessoas, ajudar pessoas, fazer cursos, enfim, vá
em busca do ser porque isso sim vai te trazer a alegria, satisfação e paz. Só
coisas materiais não preenchem e você vai continuar vazio e faminto e em uma
luta incessante em direção ao nada. Pense na morte e veja o que um defunto leva
quando vai? Simplesmente o que ele conquistou como ser, ser bom, ser paciente,
ser amável ou ao contrário, ser ruim, sovina e ignorante. Sonhe sim, mas
saiba como fazer isso de forma que a realização dele seja possível, fácil e
limpa.
PALAVRAS DA AUTORA:
Agradeço por você ter me acompanhado
neste livro e espero que tenha gostado e que tenha sido útil de alguma
forma.
As pessoas pensam que, para o mundo ser
melhor é preciso muita coisa e a colaboração do Governo, mas não é só isso.
Cada pássaro que come uma fruta, devolve a semente para o solo por menor e
insignificante que ele possa parecer e assim eu vou, colocando uma semente em
cada um para que, dentro de você, desabroche a mais bela flor, a melhor fruta
ou o arbusto que vai trazer para todos, uma bela sombra.
Faça a sua parte ainda que pareça ser
um grão de areia no deserto porque, como diz minha mãe, de grão em grão, a
galinha enche o papo.
Que o amor esteja presente na sua vida
e que todos os seus sonhos se realizem.
REGINA
F. GOMES
Foto
de capa por Raphael Candido Gomes